06/11/2008

Propósito

Fazendo uma retrospectiva deste blog vejo que, na maior parte das vezes, escrevo sobre coisas inúteis. Só que acho extremamente injusto que ninguém lhes dedique atenção! =)

22/10/2008

Quando eu disser 3

O caos do trânsito em Lisboa dá-nos espaço para reflectir sobre muita coisa! Alguma útil, outra nem tanto.

Hoje fartou-se de chover, e enquanto eu esperava que o semáforo decidisse mudar de cor, comecei a seguir o movimento do limpa pára-brisas com o olhar. Subitamente, apercebi-me de que aquele simpático e utilitário instrumento, escondia algo mais que uma chiadeira ritmada - nele residia um perigo perverso e subliminar.

É que aquele constante movimento indeciso, binário e repetitivo começou a assemelhar-se-me com o movimento característico de um relógio de bolso pendular com que os ilusionistas sempre gostaram de nos brindar.

Obviamente, comecei a sentir em mim uma ligeira hipnose, um leve atordoamento da consciência, e aposto com vocês, meus amigos, que se o meu carro falasse e me mandasse imitar um cão, eu saía porta fora, e ali mesmo, no meio da fila de carros, alçava a perna e fazia o que qualquer cão macho que se preze faz em todos os pneus.

Quero portanto deixar aqui o meu alerta sincero, para que resistam a toda e qualquer tentativa maldosa por parte do vosso limpa pára-brisas de vos seduzir e manipular, ora então imaginem só: se o trânsito já tende por si só a ser perigoso, mal de nós se todos os senhores condutores em dias de chuva começassem a entrar em plena regressão ao volante, brincando com as manetes das mudanças, manuseando a direcção bruscamente como qualquer criança e descarregando todas as suas frustraões passadas no código da estrada.

Quer me parecer a mim que a rua se iria tornar numa significativa ameaça para os demais condutores e restantes transeuntes.

28/09/2008

Encontros Imediatos de 3º Grau


Ora, no presente fim-de-semana, eu e a minha família fomos até Fátima, supostamente para visitar apenas as Grutas da Moeda. Levaram-me bem levada, que seu eu soubesse que íamos acabar no Santuário tinha ficado em casa, bem escondida, e certamente iria resistir se me tentassem dissuadir. Qual o meu espanto quando, no caminho de volta começo a ver, em vez de bosques e gado, velas e massas de gente em joelhos. Um calafrio percorreu toda a minha espinha. Eu sabia o que estava para vir: o ritual da velinha. Bem, saí e mentalizei-me que teria de aceitar aquela dura realidade.

No entanto, no meio de toda aquela agonia, vi algo que me fez esboçar um sorriso sarcástico. Ei-la: a placa informativa à entrada do Santuário.

Segundo a mesma, é proibido:
Pedir esmola: Curioso, afinal andei enganada todos estes anos, que achava que aquelas caixinhas de madeira com ranhuras que há nas igrejas e aqueles cestinhos que circulavam durante as missas eram para por moedas. Se calhar afinal eram só uma espécie de tombolas onde deixar a votação para o próximo pároco ou qualquer coisa assim.
Andar de bicicleta: Uma pena. É que aquele piso inclinado em laje polida é ideal para desportos sobre rodas.
Passear animais: E se eu quisesse que o meu Lulu da Pomerânia fosse benzido pelo Bispo, não podia?

É ainda aconselhável ter cuidado com malas e bens pessoais, que o Santuário está pejado de pessoas mal-intencionadas.

Devo ainda sublinhar que ontem estava bastante calor, e eu, consequentemente, usava um shortinho e um top. Obviamente, refugiei-me no meu telemovel para me manter ligada ao mundo terreno e não ser sugada para aquela dimensão de sacrifício humano. Isto levou-me a infrigir duas regras do Santuário, razão suficiente para que, se não me metesse a pau, fosse apedrejada ali mesmo, em frente a toda a gente.

De saída passámos ainda numa lojinha de souvenirs, a pedido da minha irmã. Aquele estabelecimento não podia ter stock mais completo. Na montra podia-se ver: terços, armas, colares com crucifixos de Nosso Senhor Jesus Cristo, colares com caveiras, porta-chaves de Nossa Senhora de Fátima, porta-chaves do Futebol Clube do Porto, rosários, pulseiras contra o mau-olhado. Aposto que se procurasse bem no meio das Bíblias ainda encontrava uma ou outra edição de Feitiços, Mézinhas e Rituais Pagãos.

Começam a surgir-me palavras na cabeça:
Poder?
Hipocrisia?
Manipulação?
Consumismo?
....

Mas se estava tudo ali, à vista de todos, porque é que só eu é que via isso?

Depois é que eu me lembrei da única diferença entre mim e quem estava ali à minha volta naquele momento, algo que eu não tinha feito como eles, e a resposta estava ali mesmo à minha frente, naquele grande cartaz informativo:

Fátima é um lugar de adoração, e todos entram como peregrinos.

08/07/2008

Observações de Campo #2

Enquanto eu estudava a senhora que escarrava no metro, e tirava apontamentos sobre o seu perfil, uma outra senhora fazia o típico gesto de quem tenta ver pelo rés-do-chão esquerdo da órbita o que a pessoa do lado está a ler ou escrever. Eu topei-a. Olhei para ela. Escrevi no caderno "apetece-me riscar o braço todo da senhora do lado" . Fiz questão que ela visse. Resultou.

Alguém....???

Alguém saberá dizer-me porventura, de que forma é que poderei induzir-me em coma por 13 dias? É que há certos períodos de tempo que são torturantes, podem mesmo originar problemas crónicos irreversíveis ao nível do coração. E algumas lesões cerebrais também.

Aguardando ansiosamente uma resposta,
Petúnia Sacramento.

07/07/2008

Observações de Campo

A única coisa de que eu tenho saudades desde que tenho carta de condução, é da multiplicidade de seres com que nos deparamos na Concrete Jungle. Eu adoro olhar para as pessoas, tentar decifrar-lhes as almas e descobrir-lhes os segredos mais sujos! Andar de metro, pode mesmo ser considerado uma autêntica experiência de campo, um safari cosmopolita!

Hoje por exemplo, ia à minha frente uma senhora, possivelmente mãe de filhos, que a certa altura do percurso decide puxar catarro! Mas meus senhores, devo dizer que não foi um simples fungar! Eu ia de headphones nos ouvidos, deliciada a escutar Diana Ross, e tamanha foi a magnitude na escala de Richter que me interrompeu a música e me arrepiou os pêlos dos braços!

Não sei como ela é capaz! Chego mesmo a admirá-la! Quando o meu namorado me tentou ensinar a escarrar, mal senti a mucosa ascender, provocou-se-me logo o vómito.

Sim eu sei, cheiro a leitinho.

06/07/2008

Com Pó, Rugas e Teias #2

Acredito piamente que hoje não seria a mesma pessoa se não tivesse tido presente na minha infância o seguinte tema:



Peladjuuusss in Santchuuuss =')

05/07/2008

Mas que...???

Reparem só. Notam alguma coisa de invulgar? Não? Eu ajudo: é um modelo de sapato masculino. Ainda não? Nada de anormal?

MAS SEREI A ÚNICA A NÃO COMPREENDER ESTA NOVA TENDÊNCIA DE EXISTIREM SAPATOS MASCULINOS BICUDOS ???

De facto, acho mesmo a coisa mais ridícula que alguma vez a moda ousou implantar.
Para além de inestético e duvidoso, acho que chega mesmo a ser ofensivo para todo o público feminino. É que até hoje, a proeza de poder matar baratas ao canto da sala era um privilégio reservado a nós, mulheres!!! Até essa exclusividade nos querem tirar?

Para que é que um homem quer sapatos bicudos? Para dar caneladas? Para tropeçar na calçada? É que homem não nasceu com postura nem com graciosidade em quantidade suficiente para caminhar em sapatos bicudos! É que nem é prático! Ora basta pensar que agora são obrigados a ficar mais longe do urinol.

O sapato bicudo foi uma criação pensada para as mulheres! Nós é que precisamos deles como arma! Nós é que temos medo de insectos! Nós é que temos direito a criar joanetes de ficar tanto tempo com os dedinhos todos encarquilhados. Não existem homens com joanetes! E se passarem a existir, ter joanetes vai ser visto como uma fraqueza genética, não um resultado forçado das normas de vestuário ocidental! Tiraram-nos essa desculpa! Mulher deve ser mártire - sofrer para bonita ser! O homem não! Quer-se rude e a cheirar a cavalo! Não é a andar em pontas e a ir à pedicure raspar os calos e fazer unha francesa...

Mais ainda! Para além de ofensivos, os sapatos bicudos masculinos podem chegar a ser assustadores! Ora se uma mulher que calce o 37, parece ter pé de 40 com sapatos daqueles, o comum homem que calce um 44, vai parecer um esquadro, com um perfeito ângulo recto e de lados iguais. Bem sei que existe o boato que homens de pés grandes são bons de cama, mas para demonstrações de testosterona e virilidade, meus senhores, já existem os carros e a cerveja! Francamente!

Isto não passa de uma conspiração! Agora que nas sociedades industrializadas a mulher começa a conquistar estatuto e independência, os homens sentem-se ameaçados e vão-nos começar a tirar aquilo que é só nosso por direito! Começaram pelos pés, mas meninas, só estou à espera do dia em que vão pôr à disposição collants de descanso, cintas de ventre liso, echarpes e alfinetes de peito na secção masculina da Massimo Dutti.

Dicas #1

Senhoras e jovens debutantes, descobri por experiência própria que existe uma alternativa ao colagénio para enchimento de lábios, completamente natural e a custo zero!

Já captei a vossa atenção? Pois então a fórmula é a seguinte: ide dois dias seguidos à praia, não usem qualquer bálsamo protector para os lábios, vão acompanhando a direcção do sol com as toalhas, e deixem-se assim de beiços para o ar durante umas horas. Quando sentirem que obtiveram uma leve insolação nos ditos, está no ponto. Ide para casa. No dia seguinte terão um pelo par de Angelinas debaixo do nariz. A única desvantagem é que o inchaço só deve durar dois dias. Mas como solução podem repetir continuamente o processo durante todo o Verão.

ACUDAM!!!

Ontem cheguei à seguinte conclusão: por mais que quisesse ser altruísta, salvar umas vidas, passar os dias na praia a apanhar com os Ultra-Violeta e comer tostas mistas do Bar da Ponte à pala, jamais, JAMAIS, poderia ser nadadora-salvadora.

E porquê, perguntam vocês? Não é pelo facto de ficar mal de fato de banho, não! Nem por ser habitualmente enrolada pelas ondas, nem perto! Nem tão pouco por ser propensa a engolir pirulitos!
A questão reside antes na seguinte ocorrência: é que ultimamente, entrar dentro de água tem-se tornado um desafio. Aquilo que em criança representava uma ambição, um desejo, um objectivo de vida - ir ao banho mal chegasse à praia!! - revela-se hoje uma tortura lenta e dolorosa, indo ao banho só por necessidade, porque as temperaturas e a tez dourada assim o exigem.

Isto deve ser coisa dos 20, daquelas coisas que só se atinge com a maturidade ou a idade adulta, tal como gostar de favas, vinho e peixe. Toda a criança adora correr para a água como se o mar corresse perigo de ser sugado por um ralo gigante e pudesse desaparecer para sempre, e entrar chapinhando, mergulhando, assim à bruta! E todo o adulto teme entrar dentro de água, pé ante pé, recorrendo a jogos psicológicos para controlar o sofrimento, como se a água nos fosse congelar os órgãos vitais. E como toda a criança se torna adulto a não ser que morra entretanto, sou obrigada a pensar as favas, o vinho e o mar como uma espécie de rituais de passagem da idade infantil à idade adulta, uma espécie de marco da emancipação do Homem Ocidental.

Mas com tudo isto, o que é facto é que o cargo de Lifeguard, para mim, seria impensável. Ora basta imaginar o seguinte: uma criança em apuros no meio das ondas, aos berros e a gargarejar em água salgada, enquanto eu, de bóia em punho, salpicando o corpo, dizia: "Ai filho, aguenta só mais um bocadinho enquanto a titia molha os braços, pode ser?"

Hmm, naa.

02/07/2008

Safari no Zoo

Descobri que os Leões-Marinhos sabem mais truques que a minha cadela... eu não presto mesmo! =)

BOOM!!

Quando me assaltam sentimentos de fúria, raiva e ira - como quando fico presa no trânsito da 2ª Circular a criar artrites no pé esquerdo e a pagar as férias aos administradores da Galp - apenas consigo alcançar a paz de espírito chegando a casa, recostando-me no meu cadeirão de pele e contemplando algo como isto:





Ahhh... muito melhor!


(e é a produzir coisas macabras como esta que eu passo os meus tempos livres... amazing! Vou tentar os arraiolos...)

24/06/2008

Enfermidades #3

Serei a única pessoa a gostar de tomar xaropes e de beber soro fisiológico?

As amígdalas até parecem ficar meio entorpecidas só de pensar no Brufen e no Maxilase... Hmmm!!

22/06/2008

Enfermidades #2

Há 3 dias que estou sem olfacto. Ás vezes penso em usar um berbequim para desobstruir as vias. É capaz de funcionar.

21/06/2008

Enfermidades #1

Eu: (Espirro)
Ele: Mas que raio, estou farto de te ouvir fungar!
Eu: Estou com uma alergia crónica não sei a quê!
Ele: Estás é com alergia à vida!
Eu: ... (Reflexão)... Sim... De facto, se eu morrer, ela invariavelmente passa!

Vox Pop

Local: Praia da Ponte
Autor: Mulher de grande porte
Frase: " Epá, tinha as cuecas cheias de merda! Tive de lhe limpar o cu todo que aquela merda parece que vinha à pressão! E eu que pensava que a Coca-Cola prendia os intestinos..."



Comentário: Pobre senhora, malandros, andam para aí a informar mal as pessoas! Já não dá para confiar em ninguém! Vou passar a meter os dedos nas tomadas que da muito mais jeito para limpar o pó, que de certeza que não faz mal nenhum!

É por estas e por outras que me orgulho tanto de ser Portuguesa =')

Ai Que Triste Fado

O meu Santo António este ano foi miserável.

Estava eu preparadinha para ir jantar no arraial, com toda aquela envolvente mística de música tradicional Portuguesa, na meia-luz de uma tarde de Verão e fragrância de peixe e manjerico, quando dei por mim num cenário de filas intermináveis só para fincar o dente numa sardinha fria e artisticamente forrada a moscas. Mas eram filas como aquelas que fazem de um dia para o outro ao relento, à porta do Colombo com o fim heróico de comprar bilhetes para o concerto da Madonna.

Ora com tudo isto e uma fome desgraçada, por motivo de assegurar a sobrevivência da espécie, fomos obrigados a ir jantar noutro sítio qualquer que não vendesse sardinhas, porque esses, todos eles estavam com uma tal quantidade de gente que se podiam tornar potências focos de propagação de epidemias.

Ou seja, andei eu a incorporar-me no espírito durante mais que uma semana (passando fome para reservar espaço em mim para a sardinha, descurando um pouco a minha higiene pessoal e preparando cuidadosamente um plano-poupança em moedas pretas para esbanjar em álcool, entre outras coisas) para no fim acabar sentada num restaurante lounge de Pastas em Telheiras. Francamente. É que ainda por cima estava a malta toda de calção e chinelo no pé, portanto provocámos algumas reacções assim que entrámos naquele estabelecimento com um certo padrão de vestuário, por sinal, bem diferente do nosso.

Como se não bastasse, ainda me serviram sal com bifes, em vez de bifes temperados, que eu quase que podia apostar que tinham as arcas avariadas e andavam a conservar aquelas solas de sapato em baús de salga, como faziam antigamente. Eu juro que receei desidratar, não fosse aquilo sugar-me toda a linfa por osmose, ou raio que o parta.

Portanto acabo este apontamento deixando no ar a seguinte reflexão: Que mal fiz eu aos Santos para que me amaldiçoassem assim?

10/04/2008

Detestáveis #1

Odeio máquinas de snacks. Não sei se mais alguém está comigo nesta luta, mas de certeza que não sou a única a ter uma certa antipatia por esses monstrinhos.

Podem ser muito práticas e convenientes, eu própria vejo-me obrigada a ser fraca e a ceder à tentação, mas há alguns aspectos logísticos que podiam ser consideravelmente trabalhados.

a) Por que razão insistem em pôr as bolachas na primeira prateleira lá do alto? É que aquelas que foram concebidas para serem estaladiças, quebrarem ao trincar, e que um dia foram perfeitinhas e inteiras, após a vertiginosa queda de 12 prateleiras que se segue ao código e à rosca giratória, é melhor destrocar a nota e marcar o código do pacotinho de leite, que nos destroços em que ficaram, mais vale sacar duma malga e comê-las como cereais.

b) Eu compreendo que zelem pelas qualidades nutricionais da comida e pela preservação de todas as suas propriedades tornando aquela torre numa arca frigorífica do Norte da Europa . Mas já por algumas vezes que os minutos que poupei na fila do bar foram gastos a tentar arranjar uma forma humanamente possível de trincar ou pelo menos dividir em pequenas porções o salame de chocolate. É que mais facilmente o ponho num olho para curar uma mazela que o como.

c) Eu também consigo perceber que não queiram ser roubados, e que este mundo está cheio de safadagem, mas eu tenho sérias dúvidas sobre se a pala para recolher a comida é de facto uma pala ou uma guilhotina. Aquele dispositivo de segurança com uma mola de suspensão é de tal forma potente que se tornasse aquele tipo de alimentação um hábito, provavelmente criaria um hematoma crónico na zona do antebraço, e daqui a alguns anos, possivelmente, seria amputado por circulação deficiente e consequente definhamento da mão e dos dedos. Qualquer dia em vez do Bolicao, surpreendo-me com uma mão gélida e humana, deixada lá por acaso. Ás vezes chego mesmo a entrar em pânico quando, com a ganância de alimento, fico com a mão entalada e não a consigo de lá tirar sem pelo menos ter de girar a mão repetidamente até encontrar o ângulo correcto. Eu acho isto bastante perigoso, porque se me apanham num desses dias gananciosos e eu tenho o azar de não atinar com a coisa, e bem provável que me encontrem morta passado alguns dias, ressequida e ainda a salivar.

Acho que da próxima vez vou ao bar.

09/04/2008

Lasagna al carbonara ( não sei dizer mais nada em Italiano além do que está na carta do Don Alfredo, teve de ser.)

De facto, andar de transportes públicos enriquece muito mais o dia-a-dia.

Com toda a ameaça cardiovascular que andar de carro em Lisboa representa, fui obrigada a deixá-lo no meu block, e vendi-me aos transportes públicos, nomeadamente, ao metropolitano.
Vinha eu alegremente a desfrutar da paisagem, quando entrou uma matilha de 3 italianos jovens e despenteados. Eu, sentada no banco junto ao separador, fui surpreendida por um deles que se jogou de tal forma no banco ao lado que chegou mesmo a invadir o meu espaço pessoal. Quero com isto dizer que fiquei literalmente esmagada contra o separador, numa posição nada sensual e totalmente deselegante.

Com a face prensada num tal ângulo, era-me impossível já olhar em redor, e senti-me subitamente ainda mais em vácuo. Qual o meu espanto quando, numa proeza louvável da minha visão periférica, verifico que ao meu lado, num banco single, se encontrava não um, mas dois italianos, ali, compreendidos naquele espaço.

Não chegando, o terceiro indivíduo (possivelmente judeu, já que ia em pé) deve ter achado todo aquele momento digno de ser guardado para a eternidade, talvez porque achava toda a envolvente exterior bastante bonita, ou porque lá na terra de onde eles vêm só devem andar de gôndola e não têm metropolitanos. Por isso, decidiu tirar uma fotografia aos seus conterrâneos e companheiros. Ora, onde é que eu entro neste acontecimento todo? No canto inferior esquerdo da fotografia, claro está. Pois claro, ora se tinha uma série de membros em cima, parece-me a mim, que por mais dotes que ele tivesse para a fotografia, eu terei, invariavelmente, aparecido na imagem com um ar infeliz, miserável e com a bochecha levemente comprimida.

Ora eu achei tudo aquilo uma tremenda falta de chá. Posto isto, levantei-me com convicção e auto estima como se fosse sair na próxima paragem. Lixei-me. Estava em São Sebastião. Faltavam precisamente 5 estações para a Baixa-Chiado. Fui o resto do caminho em pé.

08/04/2008

Com pó, rugas e teias #1

Quem me conhece ou lida comigo por mais de 10 minutos, depressa concordará comigo que se eu fosse um objecto, seria uma daquelas caixas de cartão que, ainda que novas e compradas em promoção, levam com as fotografias, filmes, amuletos, recuerdos, souvennirs e quinquilharias e que vão especificamente para a prateleira mais obscura ou para o sotão mais sujo, ganhar pó por não menos que um bom par de anos. Preferia mil vezes ser um ursinho de pelúcia... mas há quem tenha alergia a mim.

É que ao que parece, eu sou uma pessoa nostálgica! Gosto muito de coisas antigas! Gosto das minhas lembranças! Gosto até de lembranças que nunca chegaram a ser minhas, e que só as conheço porque certamente as vi como lembranças dos mais velhos. Gosto de ver o fenómeno do que um dia foi considerado moda, hoje ser repugnante, e daqui a uns anos voltar a ser o ultimo grito. Gosto dos Twenties, gosto dos Thirties, gosto dos Fifties, dos Sixties, dos Seventies, adoro os Eighties e idolatro os Nineties. Curiosamente, os Fourties não me dizem nada. Essa fornada deve ter sido inútil. Vou ter alguns problemas para denominar a presente década no futuro. Principalmente em inglês. Com sorte, pode ser que não goste de nada de agora!

Por isso, doravante e quando achar pertinente, vou presentear-vos com pequenos tesourinhos (alguns que ainda persistem ) que me comovem e que têm a capacidade de me transformar numa criatura obsoleta, ridícula e, ás vezes até, com alguns reflexos fushcia e azul eléctrico!


E aqui fica o primeiro premiado:

Leite Vigor! Mas o quarto de leite Vigor, e aqueles que vinham em pacotinhos pequenos em forma de casinha! Aliás, acho pequenos de mais para serem um quarto de leite, mas não me lembro de ouvir ninguém dizer que era um quinto ou um sexto, portanto deve ser mesmo assim.

Por outro lado, lembro-me também com carinho daqueles pacotes de litro ao estilo pacote de ervilhas que se serviam num suporte de plástico com uma pega! Era assim que as funcionárias da escola me serviam o leite à hora do lanche, quando eu me esquecia do cestinho em casa (sim, esse será também alvo de reflexão posteriormente).

Antes de mais aproveito para insultar a oferta de imagens por parte do Google, que é miserável. O mais próximo que consegui do pacote de litro foi um de natas frescas, mas pronto, dá para criar uma semelhança:

Aqui está ele!



Um beijinho!