Ontem cheguei à seguinte conclusão: por mais que quisesse ser altruísta, salvar umas vidas, passar os dias na praia a apanhar com os Ultra-Violeta e comer tostas mistas do Bar da Ponte à pala, jamais, JAMAIS, poderia ser nadadora-salvadora.
E porquê, perguntam vocês? Não é pelo facto de ficar mal de fato de banho, não! Nem por ser habitualmente enrolada pelas ondas, nem perto! Nem tão pouco por ser propensa a engolir pirulitos!
A questão reside antes na seguinte ocorrência: é que ultimamente, entrar dentro de água tem-se tornado um desafio. Aquilo que em criança representava uma ambição, um desejo, um objectivo de vida - ir ao banho mal chegasse à praia!! - revela-se hoje uma tortura lenta e dolorosa, indo ao banho só por necessidade, porque as temperaturas e a tez dourada assim o exigem.
Isto deve ser coisa dos 20, daquelas coisas que só se atinge com a maturidade ou a idade adulta, tal como gostar de favas, vinho e peixe. Toda a criança adora correr para a água como se o mar corresse perigo de ser sugado por um ralo gigante e pudesse desaparecer para sempre, e entrar chapinhando, mergulhando, assim à bruta! E todo o adulto teme entrar dentro de água, pé ante pé, recorrendo a jogos psicológicos para controlar o sofrimento, como se a água nos fosse congelar os órgãos vitais. E como toda a criança se torna adulto a não ser que morra entretanto, sou obrigada a pensar as favas, o vinho e o mar como uma espécie de rituais de passagem da idade infantil à idade adulta, uma espécie de marco da emancipação do Homem Ocidental.
Mas com tudo isto, o que é facto é que o cargo de Lifeguard, para mim, seria impensável. Ora basta imaginar o seguinte: uma criança em apuros no meio das ondas, aos berros e a gargarejar em água salgada, enquanto eu, de bóia em punho, salpicando o corpo, dizia: "Ai filho, aguenta só mais um bocadinho enquanto a titia molha os braços, pode ser?"
Hmm, naa.
05/07/2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário