De facto, andar de transportes públicos enriquece muito mais o dia-a-dia.
Com toda a ameaça cardiovascular que andar de carro em Lisboa representa, fui obrigada a deixá-lo no meu block, e vendi-me aos transportes públicos, nomeadamente, ao metropolitano.
Vinha eu alegremente a desfrutar da paisagem, quando entrou uma matilha de 3 italianos jovens e despenteados. Eu, sentada no banco junto ao separador, fui surpreendida por um deles que se jogou de tal forma no banco ao lado que chegou mesmo a invadir o meu espaço pessoal. Quero com isto dizer que fiquei literalmente esmagada contra o separador, numa posição nada sensual e totalmente deselegante.
Com a face prensada num tal ângulo, era-me impossível já olhar em redor, e senti-me subitamente ainda mais em vácuo. Qual o meu espanto quando, numa proeza louvável da minha visão periférica, verifico que ao meu lado, num banco single, se encontrava não um, mas dois italianos, ali, compreendidos naquele espaço.
Não chegando, o terceiro indivíduo (possivelmente judeu, já que ia em pé) deve ter achado todo aquele momento digno de ser guardado para a eternidade, talvez porque achava toda a envolvente exterior bastante bonita, ou porque lá na terra de onde eles vêm só devem andar de gôndola e não têm metropolitanos. Por isso, decidiu tirar uma fotografia aos seus conterrâneos e companheiros. Ora, onde é que eu entro neste acontecimento todo? No canto inferior esquerdo da fotografia, claro está. Pois claro, ora se tinha uma série de membros em cima, parece-me a mim, que por mais dotes que ele tivesse para a fotografia, eu terei, invariavelmente, aparecido na imagem com um ar infeliz, miserável e com a bochecha levemente comprimida.
Ora eu achei tudo aquilo uma tremenda falta de chá. Posto isto, levantei-me com convicção e auto estima como se fosse sair na próxima paragem. Lixei-me. Estava em São Sebastião. Faltavam precisamente 5 estações para a Baixa-Chiado. Fui o resto do caminho em pé.
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