18/05/2009

7º Mistério - O d'O Malmequer



Ora concerteza que já repararam, na vossa condição de utentes activos ou passivos das estradas de Portugal, numa nova moda entre os automobilistas: um malmequerzinho todo fofix e queriduxo que se cola habitualmente na bagageira dos carros para ficarem mais apipocados e personalizados como os de toda a gente. Bem, esta pandemia de Floribelas rolantes fez-me pensar, tal como todos os mistérios mais profundos da existência humana, na origem de tal disturbio comportamental da espécie. E eis que, numa reveladora epifania, me surgiu a seguinte teoria:



Toda a gente tem presente em mente aqueles dísticos extremamente úteis que se colocam nas viaturas como advertência de um qualquer perigo ou condição. Por exemplo, os triângulos da Chicco do "bebé a bordo". Ou antigamente, os círculos de 90 que carimbavam de perigo público aqueles que eram novatos na condução. Ou ainda os sinais de indicação de transporte de materiais combustíveis ou tóxicos. Enfim, todos aqueles avisos que precaviam os restantes condutores de situações de risco! No entanto, para grande dor de cabeça da DGV, o maior perigo das estradas continuava escondido e omisso, na eminência de uma catástrofe bíblica e causa silenciosa de numerosos sinistros. Mais que camiões-cisterna da Galp em chamas na 2ªCircular as 6 da tarde!!! Mais que bebés de 18 meses a bolsar em jacto para os braços da mamã condutora!!! Mais que cegos ao volante na rotunda do Marquês, o que poderia ser causa de tamanha desgraça e pavor?????





Mulheres.



É verdade, meus caros amigos. É dogma ocidental que as mulheres são a maldição das ruas de Portugal e do mundo, em geral. Venham as estatísticas dizer que os homens têm mais acidentes que as mulheres, blá blá blá, sim senhor, é muito bonito, balelas!! Pois, é que se calhar até têm mais acidentes, mas a questão aqui não é o "quem" mas sim o "porquê"!! Porque, concerteza, alguma mulher se pôs a conduzir em contra-mão e em velocidade excessiva, e para evitar uma desgraça maior, os homens condutores acabam por se desviar e se sacrificar, enquanto elas continuam felizes e airosas, achando que tudo o resto é que está mal. Só que acontece que, mulher que é mulher, jamais se submeteria a algum tipo de aviso imposto pela lei de como representava um perigo público.



E é nesta linha de raciocínio que surge a minha teoria: Ora os malmequerzinhos quando usados nos carros, está-lhes imediatamente inerente a condição de que o condutor é ou deverá ser, mulher.

Por isso sou obrigada a inferir que os tais autocolantes são, nada mais nada menos, que dísticos disfarçados de flôr, criados por homens, para que as mulheres se identifiquem a si mesmas consentidamente, contribuindo assim para um mundo melhor e com mais segurança para as gerações vindoras.

Desta forma, é possível aos condutores atentos prevenirem-se, mantendo uma distância de segurança de 10 metros de raio, que lhes permita chegarem aos seus destinos sãos e salvos. Por seu lado, as meninas ficam todas contentes e delirantes porque podem decorar o seu popó!

Três vivas ao génio das florzinhas!


p.s. - Sim, eu sou mulher, e por isso mesmo, sei do que falo.

26/01/2009

6º Mistério - O d'O Tapete Rolante

E porque uma rapariga tem de se alimentar (por mais inacreditável que possa parecer), porque a cantina do politécnico tem dias, porque ando à espera há meses que o Jamie Oliver faça receitas com ingredientes que realmente existam nas mercearias do mundo real, e também porque já parece mal uma rapariga da minha idade levar termus para a faculdade, vejo-me obrigada a recorrer variadas vezes às refeições pré-cozinhadas do LIDL.

E é neste âmbito que tenho vindo a observar um comportamento quase tão natural no ser humano do primeiro mundo como aceitar panfletos de publicidade, amarfanhá-los e atirá-los para o chão no segundo seguinte:

Porque será que, quando estamos na fila da caixa de um qualquer supermercado, tendemos a amontoar todos os nossos produtos de tal forma que seja garantido que não exista mais nenhum objecto num raio de 2 palmos e que não haja qualquer hipótese de confundir as minhas batatas com a palete de leite do senhor da frente?

Criamos ali naquele decímetro quadrado de tapete rolante um território só nosso e ai de quem ultrapasse a fronteira. E se porventura alguém atrás de nós tem a ousadia de invadir um pouco que seja daquele fosso preto que rodeia a nossa pirâmide de pertences, rapidamente temos uma reacção defensiva e automática do sistema imunitário que nos leva a empilhar ainda mais os enlatados, de forma a obter a maior concentração de produtos por centímetro quadrado que a física nos permita.

Ficámos ali, que nem cães de guarda sarnentos de olho semi-cerrado e mostrando o dente, topando qualquer artimanha ou movimento em falso que represente uma ameaça para as nossas compras do mês.

E ainda temos outra ferramenta extremamente útil: a barra amarela "cliente seguinte". Mas eu pessoalmente sinto-me frustradíssima por só existir uma por caixa. É que por mim, punha uma à frente, outra atrás, e porque não também dos lados? Aliás, se eu pudesse, encaixava assim barras umas nas outras até construir uma auntêntica muralha, com catapultas de esparguete prestes a aniquilar outros clientes hostis.

Mas porquê tudo isto? Eu penso de mim para mim...

Medo que um cliente maldoso me roube uma saca de cebolas que de facto ainda não paguei?
Medo que um estranho, ao pegar nos seus produtos, tenha depositado neles uma dose de germes infecto-contagiosos que se arrastem e rastejam que nem minhocas até aos meus produtos esterlizados e imaculados?
Um surto de pretensiosismo que me faça julgar os meus frescos melhores que os deles e não querer cá misturas?

Não sei, só sei que é uma espécie de Hipocondria Material que me assombra a mim e à maioria dos consumidores deste país.

Se calhar devíamos todos comprar garrafões de 5l de Amukina e mergulhar os sacos do Continente num alguidar cheio, só por descargo de consciência.